Hey,
Isto não anda nada bem...
Não tenho tempo para as pessoas que gosto. Não tenho tempo para mim.
Ando mesmo pffff....sem comentários. E acredito que muita gente esteja, como eu vos compreendo!
Anyway, obrigada pelos parabéns =).
Aqui fica um capítulo e não dou datas certas para um novo, porque isto anda realmente complicado.
Beijinhos,
Marii K.
XV
Sentia-se pesado, enquanto tocava. Não é que não quisesse estar ali, apenas preferia estar noutro lado. Os dedos pareciam ter mais força, os pés batiam mais, sentia como se Bill, Gustav e Georg estivessem atrasados no compasso, como se ele liderasse incompativelmente.
Quando tudo acabou, deixou-se abater pelo cansaço, pela bela ideia de que no dia seguinte, por esta hora já estaria com Alice.
Era um silêncio dominante.
A mãe folheava uma revista, e o barulho das páginas pareciam fazer dormir a sala. Alice limitava-se a mirar os dedos dos pés, as unhas pintadas de beje, arranjadas como as de uma princesa.
Fitou a mãe por duas vezes, abriu a boca em vão. Sabia o que a mãe ia dizer, sabia os olhos com que ela a ia mirar, sabia de cor as finas rugas da testa da mãe, que apareciam sempre que algo não lhe agradava.
Faltavam apenas duas páginas para Irinna acabar a revista, e Alice não conseguia arranjar maneira de perder o medo de fazer um simples comunicado à mãe. Sim, porque tinha decidido por si mesma, pela sua idade e responsabilidade que nunca o que tinha para dizer iria soar a pedido. Alice ia apenas informar, de que desta vez teria par. Um par que por sinal, a mãe não sentia o mínimo de amizade, interesse ou gosto. Era algo que Irinna ia abominar, ver a sua filha com um guitarrista, algo que ela considerava perigoso. Por mais que quisesse, nunca conseguiria ver naquela relação mais do que um reflexo de si própria e do erro que cometera no seu casamento.
Por já saber a reacção da mãe é que a deixou sair do quarto com um beijo de boas noites. A revista ficou ali em cima da mesa, devorada por olhares de milhares de pessoas que provavelmente já tinham olhado o seu próprio exemplar, e parado naquela página que Irinna tinha deixado aberta em cima da mesa.
Alice olhou de relance e viu a sua figura na revista, o vestido azul cerúleo que tinha levado à última gala que tinha ido. Reparou no seu sorriso, fechado, e pensou no quão falso lhe parecia. Perguntou-se se o sorriso da gala do dia seguinte seria diferente, se o seu olhar também iria participar nele, se todo o seu rosto se iria emoldurar de um modo natural para receber um sorriso espontâneo, de uma felicidade verdadeira.
Estava prestes a pegar na revista para olhar com mais atenção os pormenores, mas o seu telemóvel vibrou em cima da mesa. E como uma adolescente andou em passos largos para ele, com o pensamento apenas em Tom. E era realmente ele.
“Chego às 16.00h. Encontro-te no hotel?”- perguntava.
Alice escreveu rapidamente no telemóvel touch.
“Claro :) até amanhã.”
Pousou o telemóvel no sítio onde estava e pensou noutro plano, pois esperar mais uma hora para que ele chegasse ao hotel, representava uma tortura.
Apanhou o cabelo, colocou um gorro e os óculos de sol. As calças de ganga caras de qualquer maneira poderiam denuncia-la, tal como o cabelo que mesmo estando apanhado não deixava de transparecer a sua beleza.
Estava o quanto mais afastada de multidões e o telemóvel vibrava no seu bolso. Era a mãe que a procurava, e se agora já estava enfurecida, à noite ficaria muito mais. Os voos chegavam lentamente, pareceram-lhe eternidades, até que viu um rapaz de roupas largas, com um gorro e óculos de sol. Sorriu, ao pensar que o seu disfarce era parecido com a maneira de vestir dele. Depois reparou que as suas tranças estavam escondidas, era essa a única diferença. Então andou rápido até perto dele, que arrastava a mala, e agarrou na sua mão puxando-o. Surpreendeu-se que ele tenha apenas gritado um “Eh” e olhado em volta, provavelmente recorrendo ao hábito de procurar os seguranças.
Continuou a puxá-lo, até atingirem um canto das saídas de emergência, perto do local dos telefones, mas com um recanto que não deixava ninguém notar a sua presença. Tirou então os óculos de sol e o gorro e sorriu.
- Olá – disse-lhe.
Tom olhava-a também com um sorriso. Largou finalmente a mala e colocou as mãos na nuca de Alice. Encostou os lábios aos dela. E o beijo pareceu tão lento e perfeito que Alice se deixou ficar de olhos fechados por mais uns segundos. Depois Tom beijou-lhe a bochecha.
- Parece que assim vou ter uma viagem mais divertida.
Alice sorriu, juntando as duas mãos e brincando com os dedos nervosamente. Agora que estava ali com ele, tudo lhe parecia tão fácil, tão real. Não se lembrava mais da sua mãe, esquecera o número de chamadas não atendidas que figuravam no seu telemóvel.
Tom pegou no gorro de Alice e riu, colocou-o na cabeça de Alice.
- Fica-te bem – gozou.
Alice empurrou o gorro mais para baixo e olhou-o também com ar de gozo, tirando-lhe as tranças para fora. Depois colocou de novo os óculos de sol.
- Vá, temos de nos despachar. Ainda tenho de me vestir.
Ele assentiu com a cabeça.
- Só uma coisa, como é que eu vou para lá?
- Comigo, porquê?
- Com a tua mãe também? – Perguntou ele, preocupado.
- Não! Limusina para nós!
- Ah…a tua mãe sabe?
- Não…
- Óptimo – limitou-se a dizer. Beijou de novo Alice e começaram a andar em direcção aos táxis.