Hey,
Hoje fui ao dentista --' felicidade.
E hoje arrumei o armário --' felicidade.
E hoje fui buscar os livros para a escola --' felicidade.
E hoje não fiz mais nada de jeito... Vou tentar fazer :D
Enjoy!
Beijinhos,
Marii K.
Capítulo 9
E se me segurasses e me amasses e me beijasses. E se me fizesses esquecer o medo que sinto agora em te perder… E se não me esquecesses: trazias-me a pura felicidade.
Abre os olhos e faz-me mais feliz do que vento.
Tinha exactamente a mesma segurança quando a dizia que a amava. Porque era tão verdade. Porque não havia mais nenhum sentimento que descrevesse Bill e Allison.
Sempre tínhamos vencido coisas juntos, sem nunca separar o olhar. Sem nunca vacilar. E mesmo depois de tudo com ela… eu não tinha vivido. Queria mais, e talvez fosse isso que procurasse em ti. Naquela altura em que te via com uns olhos tão confiantes. Foi por isso que me conquistaste este coração. É por isso que me tens. E por tudo o que és e serás.
Abri o embrulho de uma vez e deparei-me com um gorro cinza, liso. E agarrei-te pela cintura.
- Acho que é a tua cara – sorriste inocentemente.
Encostei os meus lábios aos teus e deixei-me levar. Eram beijos lentos. Eram beijos diferentes dos que tinha provado até então. Como se fosse de um sabor tropical e raro. Um sabor exótico tão desconhecido, mas que eu nunca deixaria mais ninguém provar. A pele em que tocava era menos branca, com um toque diferente mas no entanto era lisa, era algo que se prendia aos meus dedos. Não me podia separar… E quando abri os olhos para mergulhar na tua íris cinza, ela ali permaneceu sem se mover. Estava a brilhar só para mim, até a cor esvoaçar para branco.
A imagem do meu quarto desiludiu-me. Já não estavas ali. Já não me tocavas.
E só passados breves segundos é que comecei a reflectir no facto de seres tu no sonho. De seres tu a dares-me o gorro para a mão e de ser a tua voz que ouvia contra o meu ouvido. Era a tua pele que sentia.
E quando devia ter vergonha de sonhar com outra rapariga que não Allison, não a senti. Muito pelo contrário, tinha-me sentido aliviado por pelo menos te ter provado, mesmo que não fosse real. Apenas me sentia confuso pelo facto de querer voltar ao sonho, de não querer ver mais ninguém senão tu. E mal te conhecia. Como podias ser tão influente na minha cabeça?
Peguei no telemóvel e vi que assinalava dez horas e vinte cinco minutos. Arranquei os lençóis de cima do corpo e por uns instantes estavas fora da minha mente. Estava atrasado.
Comecei a mexer nervosamente nas gavetas, olhava para cada peça de roupa e nenhuma me parecia ideal. Reparei que as minhas mãos tremiam.
Olhei para a porta do quarto e vi Tom de toalha à porta do meu quarto. Tinha tranças pretas no cabelo. Engoli em seco. Não tinha reparado naquilo ou era algo recente?
- Cabelo – Disse ele com um encolher de ombros.
- Desde ontem. O que estás a fazer? – Perguntou mais uma vez, quando viu as minhas mãos tremerem.
Voltei de novo o olhar para as gavetas e acabei por retirar uma camisola preta fina e lisa.
Voltei-me de novo para ele, com uma expressão embaraçada. Tinha passado já toda a semana? Como era possível tudo ter passado tão depressa, se ainda me lembrava de ontem Allison ter chegado do inter-turmas e de termos estado em casa dela? Com toda a confusão de pensamentos, e a conversa contigo… talvez o sonho me tivesse atrasado um pouco no tempo. Estava a enlouquecer. Os dias pareciam minutos… e porque razão o tempo parava quando eu queria que andasse para a frente, quando eu queria saber o meu destino…
- Então… porque estás acordado? – Procurei manter uma conversa, tentei afastar o sonho da minha cabeça.
Atreveria a perguntar-lhe algo? Acerca da rapariga com quem eu o tinha visto na noite da festa, e se ele continuava com casos de uma noite... E se talvez ele me soubesse responder a alguma coisa que me ajudasse? Não éramos os mesmos. Não éramos já os irmãos gémeos inseparáveis, mas… tínhamos laços.
- Tom. Tu conheces a Allison – Comecei
- E então? – Respondeu enfadado… não gostava dela desde que nos tínhamos mudado para o Liceu os dois.
- E então… o que achas de nós os dois?
- Acho-vos irritantes. – Respondeu com sinceridade. E voltou a cara para a porta do seu quarto, já esperando uma resposta hostil da minha parte.
- Então e… imagina a hipótese. Que não acontece, claro. Apenas uma hipótese… de eu me sentir atraído por alguém agora, que não ela. O que é que tu fazias?
Olhou de novo para mim. A mesma expressão com que me tinha visto com as rastas no cabelo. Confusão ou indiferença… não conseguia distinguir.
- Porque me estás a fazer estas perguntas a mim?
Percebi que tinha sobrestimado a nossa relação. Que tinha feito perguntas que de repente o envolviam demais, quando ele na verdade não estava minimamente envolvido.
Voltei-me de novo para a gaveta, desiludido. Mas não sei porquê… porque na realidade de toda a relação, quem devia estar desiludido era ele, não eu.
- Eu resolvia isso. Ou me mantinha afastado ou me aproximava. Nunca um meio-termo. Precisas de esquecer ou de perceber.
Ele tinha razão. E eu tinha de escolher.
Ganhando coragem para lhe agradecer, quando me voltei para a porta ele já não estava lá.