Escrevi pela primeira vez uma one-shot. Digam-me o que acham, porque eu não faço a mínima ideia. x)
küss a todas, espero que gostem e amanha há mais fic.
ah, e ainda bem que gostaram do layout=).
One-shot – Vida no lado oposto
Sentei-me, exausta de tanto fugir. Senti as calças ensopadas da relva molhada e fresca. Atirei o meu anel para longe e escondi a cara com as mãos. Recostei-me e senti uma enorme onda de tristeza evadir-me. Finalmente. Considero-me uma pessoa forte, que não chora à frente de ninguém, nunca vou ser rebaixada. Por nada!
Os meus sentidos apuraram todos os cheiros, todos os sons, todas as escassas luzes. Eram 4 e 20 da manhã. Passaram exactamente 3 horas e 10 minutos. Cerrei o meu punho e apanhei um punhado de relva. O que sentia agora era pura raiva, sentia-me exposta, sem guarda, sem amparo. Lancei a relva para longe e agarrei os meus cabelos, puxando-os em completo desespero, lágrimas escorriam pela minha face. Estava em completo pranto, chorando sonoramente, já não queria saber sequer das aparências. Vi rapazes ao longe a pintar paredes e olharam para trás ouvindo o meu choro exasperante.
As lágrimas corriam a uma velocidade estrondosa que eu não conseguia parar, os soluços invadiam a minha tristeza e o meu coração. Um coração despedaçado até ao mais ínfimo pormenor. Relembrava aquele momento na minha mente vezes e vezes sem conta. Via-o encostado à parede beijando-a. Beijando quem eu pensava ser a minha confidente, a minha melhor amiga. Lembrei-me de todos os momentos passados com ela, e nestes mais recentes sentia a sua inveja, do amor que ele sentia por mim. De ela não ter passado dum caso e eu ter continuado na vida dele, até quando eu pensava que fosse para sempre. Mas não foi.
Sentia a minha cara arder de raiva e de vergonha, do calor do choro e do sabor salgado das lágrimas. Levantei-me e senti-me como se não estivesse pousada na terra, como se estivesse num mundo à parte, onde ninguém entra a não ser eu, completamente só na minha tristeza.
Ouvi gritos ao longe e identifiquei-os como sendo os dos rapazes que me perseguiam com um ar divertido antes de começar a correr em direcção ao parque. Os gritos eram brutos, risadas falsas e forçosas mas também de puro prazer. Espreitei por trás das roseiras e bem fundo vi uma silhueta com roupas largas ser deitada ao chão. O seu boné era inconfundível, e quando corri para ele tudo o que consegui ouvir foram gemidos.
Afastei os rapazes dando-lhes pontapés bruscos, desesperados e mandei-lhes com o que tinha nos bolsos, telemóvel, carteira, chaves… Acabaram por me mandar ao chão apenas com um golpe e caí sobre o seu peito.
“Desculpa Anne” – disse a sua voz fraca.
Não lhe respondi, levei a mão à sua cara e acariciei-a. Senti o meu sobrolho latejar, onde tinha levado o murro. Passei a minha mão mais para baixo para procurar a sua. Precisava tanto dele, porque e que ele me fez isto? Porque é que tudo isto está a acontecer esta noite?
Naquele momento destapei uma ferida grave e sangrenta, de uma facada sem piedade.
“Porquê Tom, porquê?”
“Eu não quis Anne, a culpa não foi minha. Eu nunca te magoaria.” – A sua mão agarrava a minha com força para se manter comigo.
Virei-me para trás em busca de ajuda e levantei-me para alcançar o telemóvel. De repente senti-me puxada pela sua mão ensanguentada e voltei-me de novo para ele.
“Eu amo-te mesmo, para mim sempre serás a única.”
Após estas palavras beijei-lhe os lábios longamente e ele correspondeu até um certo momento, onde parei de detectar movimento. Elevei a minha cabeça e olhei para ele, para os seus olhos fechados calmamente e os seus lábios ainda entreabertos do beijo.
Deitei-me sobre o seu peito, chorando em silêncio.
A partir desse momento deixei de me sentir viva, até uma noite quando me deixei cair para o mar, e o meu coração já morto por dentro deixou de bater.
Nesse momento, com ele perto de mim, senti-me de novo guardada, feliz e silenciosa. Nessa altura o meu coração aparentemente sem vida, batia mais do que nunca.